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episódio 121, Marcelo Quinan

O convidado desta semana é o Marcelo Quinan, que veio a Portugal fazer um trabalho com a malta da With Company, Rui Quinta e Tiago Nunes, e eles aproveitaram a presença dele, e convidaram-no para fazer uma das suas Flash Sessions.

Assim que o ouvi, percebi que teria de o convidar para o podcast, o seu percurso, a sua visão do design, e dos seus processos, cativaram-me no primeiro instante.

Ele foi-se embora no dia seguinte, e a nossa conversa teve de ser marcada para mais tarde, via Skype. Após algumas marcações e desmarcações, lá conseguimos combinar um dia.

Se eu gostei de o ouvir na With, mais gostei de falar com ele, pela sua simpatia, disponibilidade em partilhar o que aprendeu, o que não sabe, a sua maneira de trabalhar, e uma visão inovadora da maneira de trabalhar uma marca, uma empresa, um produto, um serviço.

Um auto didacta, como se auto intitula, tem um percurso de fazer, de querer aprender, e evoluir pela curiosidade, pela necessidade de resolver problemas. Começou por trabalhar aos 16 anos na localização do sistema operativo da Apple, no fundo a tradução para português, mas tendo atenção que a imagem de uma frase em inglês não é igual em português, e o desenho da experiência teria de ter isso em atenção.

Chegou a trabalhar na Apple nos Estados Unidos, mas por pouco tempo, mas este contacto com o design cuidado de tudo o que marca faz, foi determinante na sua maneira de encarar a experiência do utilizador.

Por ser um early adopter, teve a oportunidade de dar aulas numa Universidade aos 21 anos, sem ter um curso superior, uma situação que lhe permitia ter tempo para desenvolver uma paixão, a fotografia, que encara com algo que não se quer “casar”, quer continuar “amante” da fotografia. Sobre a fotografia falámos a experiência muito diferente que é fotografar usando o viewfinder de uma máquina fotográfica, e o usar um ecrã de telemóvel. Na primeira, escolhemos abstrairmo-nos de partes do que nos rodeia, escolhemos um ponto de vista, na outra fazemos parte do meio ambiente, e não somos forçados a escolher, e na vida, temos sempre de ter um ponto de vista, que poderá mudar, mas não podemos ser tudo ao mesmo tempo.

Quando cá esteve apresentou uma teoria muito interessante, em que cruza a hierarquia das necessidade do Abrahm Maslow, e a experiência do utlizador, e acrescentou uma frase fantástica:

“Funcional não basta para a vida.”

A hierarquia das necessidades tem cinco níveis:

  1. necessidades fisiológicas (comida, sono, sexo, excreção, água)
  2. necessidades de segurança (integridade física, emprego estável)
  3. necessidades sociais (amor, família, pertença)
  4. necessidades de estima (que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos)
  5. necessidades de auto-realização

A hierarquia do modelo do Marcelo para a experiência do utilizador equivale-se da seguinte forma:

  1. Funcionalidade (funciona ou não funciona)
  2. Confiança (funciona sempre, às vezes, nunca)
  3. Usabilidade (é muito complicado de usar, preciso de grandes instruções, tem uma curva de aprendizagem longa)
  4. Pro Actividade (permite-me usar de outras formas, faz-me querer fazer mais, usar mais, é tolerante ao erro sem me bloquear a utilização)
  5. Criatividade ( é inovador, interessante, belo)

É quanto a mim um modelo que nos permite criar boas experiências, e perceber em que nível o meu serviço, o meu produto, falha. Posso ter um carro inovador e lindíssimo, mas se só funciona às vezes, ou é muito complicado de usar, não vou querer embarcar na viagem.

Muito poderia falar aqui sobre o que aprendi nas duas horas que estive à conversa com ele, mas deixo a quem vai ouvir, espaço para digerir as duas horas de conversa, como melhor vos convir.

 

 

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