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Começar

“Pick something and start.”

Jeff Haden

Há uns dias fui desafiado por uma anterior convidada, a Sónia Fernandes a fazer, a começar, partindo de um post do Seth Godin. As palavras dela foram:

“Imprime. E depois, faz alguma coisa, porra. FAZ! ‘Tou-te a ver!”

E eu fiquei… “Mas faço o quê?”

Tanta coisa que quero fazer, tantas ideias que tenho, que tive, projectos que disse que ia fazer (que continuam por fazer), disse-lhe que talvez seja é um mentiroso, e ela respondeu que se continuar neste caminho, é o que vou parecer.

Se tenho ideias e tenho vontade que elas ganhem vida, porque razão paro no momento de lhes dar andamento?

Nessa troca disse-lhe que a principal razão era o facto de estar sozinho, de não estar a implementar essas ideias, esses projectos com alguém, e isso embora não seja toda a verdade, é parte da verdade. Sei que não me automotivo facilmente, sei que por vezes preciso de que alguém para me dar um palmadinha nas costas, “vá Rui, tu consegues”, e por vezes preciso de alguém que me dê um valente chuto no rabo, e me faça acordar das ansiedades e paranóias em que me coloco por medos do que outros podem dizer e fazer, de que o trabalho não vai prestar, que vou estar a perder tempo…

Ok, se preciso de fazer com alguém, o primeiro passo é encontrar essa pessoa, dirias tu.

Não. Nada disso.

Vejo o mesmo nas relações amorosas – quando encontrar a pessoa certa é que vai ser – mas o processo deve ser começar por ser a pessoa certa.

No meu caso será mais fácil convencer a tal pessoa certa a trabalhar comigo se ela me vir a fazer, se ela acreditar que eu sou capaz de fazer, e não apenas um tagarela que fala, fala e nada faz, ou seja tenho de começar.

Mas não começo. Porquê?

Porque faço grandes filmes de como a ideia seria perfeita se fosse feita desta, ou daquela maneira, e que para isso é necessário isto, aquilo e outro, que é preciso dinheiro que não tenho, tempo que não tenho, conhecimentos que não tenho, parceiros que não tenho, e por aí adiante. É fácil não começar quando conseguimos arranjar tantos impedimentos para a ideia ser um grande sucesso.

No entanto, começar não implica isto tudo, poderá existir uma fase em que serão necessárias todas as coisas que enunciei e que não tenho no momento inicial, e que servem de desculpa, mas para começar não é preciso quase nada, apenas começar.

Quando começamos, começamos a ver coisas que não víamos quando estávamos parados, conhecemos outras pessoas que também estão a fazer, aprendemos com as nossas falhas, com as falhas de outros que também estão a fazer, e acima de tudo automotivamo-nos porque olhamos para nós como capazes, a nossa autoconfiança aumenta, e arriscamos mais. Se arriscamos mais, vamos falhar mais, mas quando acertamos, acertamos em algo bem maior.

Se não sabes qual a ideia por onde começar, começa por aquela que te assusta mais, ou por aquela que te cada vez que pensas o teu corpo vibra de emoção. As outras, aquelas que “eram capazes de ser giras”, esquece, pegas nelas se uma das outras falhar.

Existe uma teoria em psicologia que é a Teoria da Autoeficácia, e este conceito é na minha opinião fundamental para entender a motivação, a resiliência e o esforço necessários para atingir os nossos objectivos, que acredito sejam ambiciosos, caso contrário não estarias a ler este artigo até aqui, e já estarias a ver mais um video de gatinhos.

Se eu achar que sou capaz, eu vou ser capaz.

“Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.”

Henry Ford

Mas se eu não começo, como vou pensar que sou capaz? Pergunto-me eu.

A mim ajuda-me baixar a fasquia, retirar importância ao que faço, e que na verdade ninguém está assim tão preocupado com  aquilo que faço ou deixo de fazer, pois para mim tem-me condicionado as opiniões dos outros. Mesmo o Falar Criativo ter começado, foi um acto de suster a respiração e borrifar-me para as opiniões que fossem surgir, caso contrário ainda estaria a desejar ter um podcast, e hoje tenho dois a funcionar, com mais de 300 episódios entre os dois, um audiobook gravado, e um número grande de relações que só surgiram através desta aventura de conversar.

Fica aqui o compromisso, vou publicar mais, e mais dia menos dia vou-te anunciar um novo  projecto, no qual acredito, e será provavelmente aquele mais próximo daquilo que sou.

Qualquer dúvida, sugestão, crítica, envia para rui@falarcriativo.com

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