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Decisões para indecisos

“Serenidade é o que traz qualquer decisão, mesmo a errada.” Rita Mae Brown

Sou muito inconstante na forma como tomo decisões, quero dizer, as decisões que tomo têm sido coerentes com os meus valores – umas vezes mais, outras vezes menos – mas o processo de tomar decisões esse tem sido uma luta entre confiança, assertividade e outras vezes, dúvida, ansiedade e preocupação.

Decidi então escrever, pensar sobre o assunto para ver se consigo chegar a a alguma conclusão.

Na última semana caíram uma série de propostas, projectos, que vieram aterrar em cima de outras coisas que já estavam a correr. Lancei muitas sementes, desconhecia qual a altura em que germinariam, e dei por mim a ter de decidir quais as que regar, quais as que deixar morrer.

Ansiedade. 

E se as que vou regar se revelam as menos produtivas?

E se as que vou deixar morrer seriam uma colheita muito mais recompensadora?

Em todo e qualquer momento estamos a tomar decisões, nem que seja não fazer nada não decidir é em si mesmo uma decisão, porque razão causa ansiedade?

Se estamos a tomar decisões a toda a hora porque razão nos parece sempre que é a primeira vez e nos causa tanta incerteza, dúvida, medo?

Há pessoas que parecem estar sempre em controlo da situação, que aconteça o que acontecer, estão sempre tranquilas, seguras, decidem de forma rápida e com pouco esforço. Essas pessoas sabem algo que eu não sei, ou aceitam que não sabem?

Existem vários modelos de tomada de decisão, tenho aqui à minha frente um livro que tem cinquenta, mas a principal decisão que temos de tomar é se queremos que seja o medo e o stress a comandar as nossas decisões, ou se por outro lado queremos que seja a determinação e a tolerância a fazer as escolhas.

Sempre que me vejo na situação de hesitar em tomar decisões, a remoer, e consumir-me por dentro é rara a vez que não seja devido ao receio do que pode correr mal, e na minha falta de confiança em que se isso acontecer eu terei a capacidade de resolver a questão.

Para tomar decisões rápidas e claras, deverá haver referências que nos orientam, algo que confrontamos com a decisão as tomar e as suas possíveis consequências, e o grande problema dos indecisos – nos quais me inclúo setenta por cento das vezes – é não estarem bem definidas essas referências. Se eu souber em todo e qualquer momento o que é importante para mim, quais os meus valores e de que forma quero estar neste mundo, nenhuma decisão será lenta.

Não digo para entrarmos numa lógica de “speed dating” das decisões, devemos sempre buscar informações sobre aquilo que temos de decidir, mas há um ponto que a informação passa de combustível a peso morto, e esse ponto é evidente se o  trabalho de autoconhecimento já estiver feito.

Exemplo:

Pessoas vegetarianas – Não comer carne ou peixe está decidido em todas as escolhas alimentares.

Pessoas honestas – Mentir não é opção.

Atletas de alta-competição – Deitar tarde não levanta dúvidas, é para não fazer.

Sempre que clarificamos aquilo que é importante para nós, a pessoa que qeremos ser, aquilo que queremos alcançar, as decisões tornam-se mais fáceis, apenas o nosso receio de falhar, junto com a nossa falta de confiança de recuperar caso corra mal, levam a indecisões.

Quando tens a certeza do possível resultado da tua decisão, tomas decisões rápidas? 

Se tivermos de apostar que o sol vai nascer amanhã, ninguém perde muito tempo a pensar nisso, responde que sim, quando não temos a certeza hesitamos, mas a verdade é que nunca sabemos tudo e as coisas podem mudar a qualquer momento. 

No meu caso, decidi dar espaço às coisas, aceitei que todas as sementes eram importantes, dei tempo a que a natureza revelasse quais as que germinariam, e o que acabou por acontecer foi que ao dar espaço consegui ver claramente que havia sementes diferentes com tempos diferentes, não adiantava nada estar a forçar coisas, e no processo obriguei-me a tornar mais claro para mim o que é importante.

Se ficamos contentes por alguma coisa não se concretizar, isso talvez mostre que não é importante ou que agora não seria a melhor altura para a abraçarmos, o que não significa que não possa ser algo importante no futuro. No meu caso também percebi que há coisas que de tão importantes para mim não quero que aconteçam numa altura em que não lhe posso dedicar toda a minha atenção, percebi mais uma vez – a ver se é desta – que estar divido entre mil e uma coisas não é o ideal para mim, para aquilo que quero fazer.

No tal livro que referi de modelos de tomada de decisão, encontrei um que poderás experimentar quando várias coisas te puxam, o modelo do elástico.

Como funciona?

Imagina-te preso as dois elásticos, um que faz força para a frente, e um que faz força para trás.

O que faz força para a frente tem em si a pergunta: “O que é que te move?” ou “Para onde queres ir?”

O que faz força para trás tem em si a pergunta: “O que é que te impede de avançar?” 

Responde as essas perguntas, ao fazê-lo vais perceber que se calhar consegues resolver o que te impede de avançar, e vai ficar mais claro para ti aquilo que te faz avançar tornando-se assim uma fonte de motivação.

Para terminar, aconteça o que acontecer, as decisões trazem paz, por isso decide-te!

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