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episódio 157, António Lucena de Faria

“Todas as pessoas são empreendedoras, mas muitas não têm a oportunidade de o descobrir.”

Muhammad Yunus

O convidado desta vez é o António Lucena de Faria, empreendedor, professor universitário, e entre outras coisas, fundador da Fábrica de Startups em Oeiras.

Foi ao fim do dia que fui ter com o António à Fábrica de Startups, mas nem por isso faltou energia a nenhum de nós, a conversa fluiu. Não nos conhecíamos, mas houve empatia desde logo.

A perspectiva que o ele tem relativamente ao que é ser empreendedor é quase contrária àquela que passa na notícias, de startups que em pouco tempo recebem milhões de investimento, os famosos unicórnios. Tanto é que não acredita em unicórnios, especialmente na Europa.

Empreender, como falámos, é arriscar, mas esse risco pode ser diminuído usando técnicas ao alcance de todos para testar a nossa ideia, a nossa proposta de valor.

O António aos quinze anos teve o seu primeiro negócio, colar vidros, colocar areia, colocar água, uns peixes, e abracadabra, temos um aquário!

Todos somos empreendedores como disse o Muhammad Yunus, da mesma forma que acredito que somos todos criativos, podemos é não querer explorar essa faceta.

O acto de criar seja uma empresa ou uma obra de arte, é sempre um risco, é fazer uma coisa nova, algo que nunca foi feito, e se não foi feito não sabemos se irá resultar ou não, o que não significa que não possamos fazer, perceber que não funciona, alterar, voltar a fazer, e ir aumentando dessa forma a probabilidade de acertar na criação de valor.

Não temos, nem devemos apostar tudo, endividarmo-nos, para criar um negócio, devemos sim usar as ferramentas ao nosso dispôr para testar se a nossa ideia tem ou não clientes. O António fala disso, das pequenas apostas (little bets), que criam a oportunidade de aprender sem nos arriscarmos a perder tudo.

Precisamos de mais e melhores empreendedores, são palavras que tenho de concordar, e para o termos, é necessário que haja a formação e informação necessárias, o que já há, apenas depende das pessoas terem a curiosidade de procurar e usar a ajuda que existe, como por exemplo a Fábrica de Startups.

Nesse sentido, está neste momento a decorrer a fase de candidatura dum projecto muito interessante, o “Tourism Explorers”, onde o que se procura são ideias e pessoas, sendo que posso ter a ideia, e não ter os conhecimentos necessários, ou posso só ter a vontade de entrar um projecto ajudando na concretização da ideia de outros.

É muito importante estar rodeado das pessoas certas para que as ideias cheguem mais longe, por essa razão faz parte da metodologia que usam, juntar as pessoas que têm as capacidades necessárias, que se complementam.

Há a ideia, quanto a mim errada, de que ser empreendedor é algo que se faz sozinho, tal qual herói solitário que tem em si todos os poderes necessários, no entanto, se nos dermos ao trabalho de investigar os grandes casos de sucesso, há sempre um conjunto de pessoas à volta de um elemento mais mediático, que cria as condições para que as ideias cheguem mais longe.

Outro conceito que abordámos, foi o de que devemos guardar segredo das nossas ideias para que ninguém a roube, que o segredo é a alma do negócio, mas através de muitas das entrevistas que já fiz, e coisas que li, tenho a plena convicção que ao partilhar a minha ideia estou a criar as condições para se torne mais forte, e dessa forma capaz de gerar mais valor.

Não sabemos tudo, e ao partilhar com alguém vamos conseguir ver outros ângulos, e ouvir outras perspectivas que de outra forma não veríamos, e que poderiam ser a causa de um produto ou serviço mais fraco ou mesmo desnecessário.

Convém testar as ideias, validá-las, e não é preciso muito para isso, o António fala do seu caso que chegou a vender a ideia num powerpoint, onde explicava como a coisa iria funcionar, e se a ideia for boa e explicada de forma clara e convincente é o suficiente.

“Os nossos activos mais importantes, não é dinheiro, são aquilo que sabemos, a nossa experiência e a nossa capacidade de fazer coisas.”

A capacidade de comunicar as nossas ideias é fundamental, e muitas vezes investimos demasiados recursos noutras coisas, achando que se o produto for perfeito, o sucesso está assegurado. Não está.

Eu posso criar algo que ninguém quer, ou posso criar algo que muita gente quer, mas que ninguém conhece, daí a importância de conseguir comunicar bem, seja para investidores, clientes, ou colegas de equipa.

Sobre o vender, que para mim nunca foi tarefa fácil, permitam-me partilhar uma frase do António que me convenceu a olhar de forma diferente para o acto.

“Vender é uma coisa muito nobre, não é mais do que ouvir o que os outros têm para nos dizer, perceber quais os seus problemas, as suas necessidades e em função desses problemas e necessidades, encontrar uma solução. Estamos ali para ajudar.”

Enfim, excelente conversa, longa, pelo que recomendo que ouçam tudo até ao fim.

Livros referidos no episódio:

Site da Fábrica de Startups.

Site do programa de aceleração e ideação Tourism Explorers

Dúvidas ou sugestões rui@falarcriativo.com

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