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“Se mudares a maneira como olhas para as coisas, as coisas para que olhas mudam.”
Wayne Dyer
Esta semana tenho andado por aqui, pela maneira como olho e como posso olhar para as situações.
A cada momento podemos escolher, achamos que não, que a realidade é o que é, que temos de ser objectivos e mais um série de coisas, mas ao olhar para a realidade, posso escolher uma visão que sustenta o meu crescimento ou uma que me consome.
Posso falar no meu caso específico, esta semana dei por mim aborrecido nas aulas, a achar a aula pouco interessante, com a cabeça a fugir para todas as coisas que poderia estar a fazer que fossem mais motivantes.
Não me apetecia estar ali, mas estava. E agora?
Os pensamentos começaram a ir para:
- “Afinal talvez não seja mesmo psicologia que é o teu futuro!”
- “Isto é só o primeiro ano, ainda faltam quatro, não sei se aguentas.”
- “O ensino é mesmo fraco…”
- “A professora não sabe tornar isto interessante.”
Houve então um momento que prestei atenção a esta conversa disparatada, e pensei que eu não podia mudar a professora, não posso saltar anos, gosto mesmo de psicologia, o ensino é o que é, mas eu posso sempre procurar desenvolver alguma capacidade perante as situações.
Lancei-me um desafio.
Será que eu seria capaz de estar atento o resto da aula, treinando o meu foco e a minha atenção, e além disso encontrar todas as partes interessantes e que me serviriam dentro daquele assunto?
Claro que encontrei partes interessantes, claro que o facto de estar a treinar a minha capacidade de foco se tornou algo motivador e o melhor de tudo deixei de estar a lutar com o que não estava no meu controlo, e passei a estar empenhado naquilo que dependia de mim.
Quanto mais me vou apercebendo das escolhas que estão sempre à nossa disposição, mais fácil se torna fazer melhor, e não passar a vida a lamentar por algo ser desta ou daquela maneira.
A meditação, com a qual já fui mais aplicado, tem um papel fundamental na capacidade de escolher mudar a perspectiva do momento presente, só quando treinamos algum tipo de competência somos capazes de a utilizar quando é necessário e por vezes difícil.
Ouvi a analogia que meditar é tal qual trabalhar um músculo, e as repetições são aqueles momentos em que conseguimos ter a consciência que estamos fechados na nossa cabeça, escravos de todo e qualquer pensamento que surja, e esses momentos de consciência podem acontecer uma vez nos vinte minutos em que estamos sentados a meditar, mas uma vez que seja, conta.
Uma das coisas que leva algumas pessoas a desistir e a resistir à meditação é acharem que têm de manter a concentração todos os segundos, e que por não conseguirem esvaziar a cabeça de pensamentos, são uns falhados como meditadores. Nada disso, todos os momentos em que nos apercebemos da música que se passa entre as nossas orelhas, é um passo na direcção de escolher o que nos serve.
Agora que já vendi um bocadinho os benefícios da meditação, vou voltar à perspectiva e à atitude.
Se alguém faz algo que me aborrece, posso olhar para a situação como um ataque pessoal, ficar irritado pela falta de consideração do outro, começar a pensar em maneiras de atacar de volta, posso ficar a procurar os motivos pelos quais aquela pessoa me está a atacar, ou posso pelo contrário, pensar se aquela linha de raciocínio me ajuda ou prejudica, e escolher uma que me faça aproximar da pessoa que quero ser.
É mais fácil saber se me afastei do caminho se souber para onde vou, por isso é importante saber de que forma quero estar no mundo.
Quando atacado, como quero reagir?
Quais são as pessoas que demonstram as atitudes que eu gostaria de ter em face da adversidade?
De que forma quero eu estar no mundo?
Quero ser o tipo de pessoa que esmaga os adversários, ou quero ser tipo de pessoa que confia em si e nas suas capacidades, sendo capaz de manter a cabeça fria, mostrando sempre o melhor lado?
Se estiver clara a forma como quero estar no mundo, a cada momento podemos comparar aquilo que quero ser e modo como considero reagir.
Um caso prático, se uma pessoa duvida das minhas capacidades, quero ser a pessoa que começa à procura de falhas no outro para criticar de volta, ou quero ser a pessoa que simplesmente se preocupa em fazer o melhor que consegue, mantendo o foco e usando as suas acções como argumento inequívoco do seu valor?
Serei eu capaz de ouvir as críticas com objectividade, aproveitando as observações para analisar o que faço bem e o que faço menos bem?
No momento em que me fecho na atitude de atacado, deixo de ser capaz de ver onde o outro tem razão nas observações que faz e onde ele está enganado, muitas vezes acabando por ter atitudes negativas que validam até as coisas nas quais o outro estava enganado.
Imaginando que tenho muito trabalho, e que um colega me critica por ter falhado num prazo com ele, posso começar a argumentar que tenho muito trabalho, que também ele já falhou comigo, que outros falharam comigo e que por isso falhei com ele, ou, posso falar calmamente com ele reconhecendo que falhei o prazo com ele, perguntar de que forma posso minimizar o estrago da minha falha, focando-me na melhor solução do atraso em concreto.
O mais provável é que ele me ajude, e que em conjunto consigamos remendar o atraso, sabendo que em situações futuras será mais fácil a comunicação, uma vez que ninguém se sentiu atacado, nem teremos a necessidade de nos protegermos fechando todos os canais de comunicação, essenciais para que nos foquemos em soluções em vez de problemas.
Pode acontecer também que o meu colega seja intransigente, que não quer saber dos meus problemas, não tem ou não quer ter disponibilidade para me ajudar a resolver o atraso.
Mas será que me fico a sentir melhor se começar a pensar mal dele, e a imaginar todas as maneiras em que nas situações futuras me poderei vingar?
“Ressentimento é o mesmo que bebermos veneno e esperar que a outra pessoa morra.”
Malachy McCourt
Em nada a minha vida melhora se estiver mais focado em atacar do que em estar tranquilo e focado em aprender.
Quando a minha atitude perante desafios é a de calma e capacidade de resolver problemas, o grau de problemas que me vão ser pedidos para resolver serão maiores, e com isso mais valor terei, e mais competente serei.
Não quero que fiques a pensar que não nos é permitido barafustar, reclamar, claro que é, mas por pouco tempo, e de forma privada, não há tempo a perder se quero chegar mais longe, e não quero afastar de mim aqueles que me poderão ajudar.
Pensa na atitude que queres ter perante as situações, antes das situações, pratica na tua imaginação o modo como te queres ver a lidar com os desafios, assim quando o momento chegar, vais estar mais bem preparado do que aqueles que ao não quererem pensar nisso, são apanhados de surpresa.
“A maior descoberta de todos os tempos é que uma pessoa pode mudar o seu futuro mudando simplesmente a sua atitude.”
Oprah Winfrey
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