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episódio 95 – Madalena Matoso

A convidada desta semana é a Madalena Matoso, ilustradora, e uma das fundadoras da editora Planeta Tangerina.

Cheguei à Madalena através do Bernardo Carvalho, pois quando o entrevistei, o nome dela surgiu algumas vezes, e achei por bem entrevistá-la, uma vez que também gosto do trabalho dela.

Gostei mesmo muito de a conhecer, há uma certa tranquilidade na maneira de estar, embora numa altura da entrevista tenha partilhado que se irrita quando os desenhos que a mão produz não chegam sequer aos calcanhares da imagem que a sua ideia tem.

Eu também sinto muitas vezes isso, e foi uma das razões que me fez afastar do desenho durante uns tempos, o achar que não desenho assim tão bem, ajudado pelo facto de aquilo que imagino ficar muito longe do que tecnicamente sou capaz de fazer.

Claro que arranjamos sempre maneira de dar a volta e aproximar, mas consegue ser muito frustrante por vezes.

Não que me esteja a comparar com a Madalena, ela é mil vezes melhor, mas é engrçado ver que mesmo pessoas premiadas e que fizeram disso a sua profissão, tem lutas muito semelhantes.

Isto agora fez-me pensar numa frase que ouvi outro dia, que “um herói não é o que não tem medo, é apenas aquele que age apesar do medo”.

E de que forma é que isso tem a ver, perguntam-se vocês?

A Madalena, podia quando as coisas não saem como a sua imaginação, deitar a toalha ao chão e ir fazer outra coisa da sua vida, mas não, continua a fazer, insiste.

Eu, e muitos de nós, em várias coisas que nos sentimos bem a fazer não temos essa paciência, essa energia que vem de crer, e querer, insistir apesar de aquilo não sair bem à primeira, nem à segunda, nem à terceira…, mas se aguentarmos até à décima quinta, podemos ter uma bela surpresa, algo que fomos nós que fizemos, que deu muito gozo e que nos orgulhamos.

Há livros que a Madalena referiu como “flops de estimação”, mas sobre os quais não há qualquer tipo de arrependimento, que são trabalhos que se orgulham de ter feito tanto como os ditos “sucessos”.

Eu já voltei a desenhar mais, dá-me gozo. São maus muitos dos desenhos, mesmo maus, mas depois há uns bonzinhos, e quando menos espero até dou por mim a mostrar alguns deles, de peito inchado, tal qual galo de capoeira.

Livro sugerido

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