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“Be a practical dreamer, backed by action.”
Bruce Lee
Sei que quero falar, reflectir sobre isto, não sei bem onde isto vai dar, mas sei que para chegar a algum lado, tenho de permanecer a caminho.
Lembrei-me disto por estar a ler um livro sobre “os cinco impedimentos para a iluminação”, sou fã de budismo, não me considero um budista, mas vejo-o como uma boa maneira de pensar, vejo-o como uma estrutura baseada em ensinamentos de alguém que reflectiu muito, e que tem tido pessoas a continuar esse caminho de investigação da condição humana. Lendo os textos base percebemos que os seres humanos não mudaram quase nada desde os tempos em que Sidarta Gautama viveu há 2500 anos.
A iluminação pode ser substituída por realização, por expressão da nossa criatividade, algo que revela aquilo que temos de melhor,.
Um dos cinco impedimentos é a letargia, e no livro referem algumas causas, a falta de motivação ou falta de propósito por não termos alegria naquilo que decidimos fazer. Se não estamos a ter resultados com os nossos esforços, temos tendência para a insatisfação e para o aborrecimento.
“Até aqui, nada de soluções, grande seca ó Rui!”
Não é o meu objectivo dar receitas nem soluções, mas sim reflectir e questionar o que tenho feito, e nesse processo talvez conseguir que também tu, que lês isto questiones as tuas maneiras de pensar.
Esta letargia normalmente não aparece logo quando começamos, nem quando a primeira ideia surge, pois a visão gera entusiasmo, o que é bom, é bom sonhar, imaginar o que pode ser, para onde apontar as nossas energias, ter um rumo, porém no meu caso costuma acontecer o tal aborrecimento quando essa energia de começar se dilui, e nada parece estar a avançar, já coloquei a coisa a andar, vou-me esforçando, o tempo vai avançando, e pouco ou nada parece ter produzido frutos, não sinto que esteja muito longe de onde comecei, mas no entanto estou cansado.
“Quando acendes um fósforo na escuridão parece iluminar muito. Quando o acendes em plena luz do dia, quase nem se nota.”
Foi isto que li, e pensei – é mesmo isto. Quando começamos aquele projecto, ou surge aquela primeira ideia faz-se luz onde havia escuridão, mas quantos mais ideias temos, mais vamos fazendo, mais luzes vamos acendendo, daí a nossa percepção de nada parecer avançar, os nossos olhos habituam-se à luz e já tudo parece iluminado, vemos mais claramente à nossa volta, no entanto ainda não saímos do mesmo sítio, ou até podemos ter saído, mas como vemos mais longe a realidade parece muito semelhante hoje e ontem. É frustrante acabar o dia cansado, sentir que fizemos muito e nada mudar, e aí não vemos outra saída se não desistir. Se estou cansado e nada muda, devo estar a empurrar uma parede, ou a caçar gambuzinos, e aquilo que nos dizemos é que é parvo tanto a primeira como a segunda opção.
“Então e agora?”
Boa pergunta, e à medida que vou escrevendo, começam a surgir algumas hipóteses, teorias, e a que parece mais plausível neste momento é algo que muitos convidados têm falado, e sobre o qual tenho lido, é arranjar algo que se assemelhe a um processo, mais pequeno que um grande sonho, algo que eu consigo fazer todos os dias, mas sobretudo ter uma atitude de curiosidade, de experimentação.
Li noutro sítio que as pessoas que dizem para si mesmas que vão deixar de comer isto ou aquilo para sempre, ou que vão ser o maior sucesso que o país já viu, normalmente são as primeiras a desistir. Aquelas pessoas que dizem que vão tentar não comer algo durante um mês e depois logo se vê, ou as pessoas que dizem que vão escrever uma música todas as semanas durante seis meses e depois logo decidem se é ou não para continuar, são estas pessoas que se mantêm durante mais tempo na tarefa, porque o foco está mais na tarefa do que no resultado.
A tarefa acontece de forma independente do resultado, se assim o quisermos, mas o resultado não pode acontecer sem haver a tarefa, e aquilo que controlamos é a tarefa, o resultado já depende de muitos outros factores. Usando os exemplos que dei, a pessoa que decide deixar de comer algo, pode aperceber-se que afinal o tal alimento que decidiu evitar não é a causa do seu mal estar, e a pessoa que escreve música não controla se as pessoas gostarão ou não da sua música, mas uma coisa é garantida, a pessoa que decidiu evitar o alimento já sabe mais do que sabia antes de começar a sua experiência, e uma pessoa que escreve uma música por semana durante seis meses tem vinte e quatro músicas, saberá muito mais do assunto, e com alguma probabilidade uma até é capaz de ser boa o suficiente para alguém reparar no que essa pessoa anda a fazer, e acabar por vir a ser o maior sucesso do país!
O que faço hoje influencia o que consigo fazer amanhã, aquilo que não fiz hoje influencia negativamente a minha percepção do que sou ou não capaz. Mesmo este texto, não será material para prémio Nobel, mas se o não fizesse, amanhã seria uma pessoa muito menos confiante de alcançar o que quero alcançar.
“The only way to do good work is to first do bad work.”
David Kadavy
Envia-me os teus processos, as tuas práticas diárias para rui@falarcriativo.com, gostava de saber o que sonhas e o que vais fazer para não desistir.
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