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A vida é muito simples e fácil de entender, mas nós complicamos com as crenças e ideias que criamos.
Don Miguel Ruiz
Sou eu, sim, sou eu a pessoa que mais complica as coisas na minha vida.
Uma série de tarefas facilmente se transforma em stress, em ansiedade, só porque olho para tudo como um novelo emaranhado cheio de nós, daqueles que nem vale a pena desenrolar, mas no entanto continuo a olhar para o novelo sentindo-me obrigado a resolver o problema, que cabe a mim a tarefa, que se não o fizer vou ser menos.
É tão fácil complicar o que é simples, faço-o quase todos os dias, não sou só eu eu sei, mas é assustador como vou dizendo que sim a uma série de coisas e depois deixo de ver que cada desafio é único, e se tiver a capacidade de o ver como único não assusta, mas a partir do momento que digo que sim a várias coisas começa tudo a misturar-se tal como tintas de cores diferentes que vira no fim um castanho/cinzento sem interesse nenhum, e que pouca utilidade tem.
Cada palavra que escrevo faz parte de uma frase, mas se começar a comer os espaços entre elas, a não ter pontuação, este texto torna-se apenas ruído visual complicando o que começa por ser apenas uma sequência de letras que formam palavras, que depois formam frases, e que no fim resultam num texto.
Se tiver sempre a capacidade de separar as tarefas que me comprometi a fazer, serei capaz de ir juntando as peças que no fim vão resolver o puzzle final, se espalhar vários puzzles na mesa muito dificilmente conseguirei acabar um que seja.
O acto de estar aqui a escrever este texto foi uma dessas situações, olhei para a semana que está a acabar, juntando todas as tarefas desta semana com as da semana que vem, logo o que vi foi ter de escrever dois textos, sem saber o que dizer em qualquer um deles, juntei preparar a viagem que vou fazer para a semana, as aulas, os trabalhos que tenho a andar, outros que vão começar e precisam da minha atenção, tudo foi comprimido numa enorme bola com o aspecto e a velocidade capaz de me esmagar.
A ansiedade tem muito essa componente de retirar espaço, de comprimir, de bloquear saídas, e tudo parece um desastre à espera de acontecer.
Todos os dias têm vinte e quatro horas, temos de comer, dormir, e todos começam e terminam e não vale a pena juntar todas as horas sem espaços tal como as palavras, passando as semanas a ser uma coisa que queremos que acabe depressa porque não conseguimos ver espaço, tal como a música depende do silêncio para ser música, também nós precisamos de ver os espaços entre as tarefas que temos para resolver.
A vida é bem simples, nós é que a complicamos.
Se me pedem para dar uma resposta rápida a um problema posso juntá-la ao que já tenho para fazer, misturando as peças do puzzle ou o que deverei fazer é largar os outros puzzles e focar-me naquele que me pede a atenção agora.
Não adianta reclamar, não adianta tentar fazer tudo ao mesmo tempo, o que adianta é ter a coragem de parar algumas coisas ou não aceitar mais nada enquanto temos puzzles por terminar.
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