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O convidado desta semana é o Ricardo Araújo Pereira, um dos mais conceituados e conhecidos humoristas portugueses.
O Ricardo é alguém que admiro bastante, e sou fã desde os tempos em que fazia sketches no programa “Perfeito Anormal”, de tal forma que eu sabia de cor algumas dessas rábulas, como por exemplo “A minha vida dava um filme indiano”.
No entanto, não era só como fã, o meu interesse em entrevistá-lo. O trabalho dele, o volume e a qualidade, são um exemplo máximo de criatividade, e algo que um curioso como eu gostaria de perceber, e penso que muitos dos ouvintes do podcast partilharão esse interesse.
Sabendo deste meu desejo, a Nídia Nobre, ouvinte do podcast, descobriu que o Ricardo iria falar numa gala de entrega de prémios, e disse-me que estava ali a minha oportunidade para o convidar a passar pelo Falar Criativo.
No dia dessa gala tive de pedir para fazer o meu horário seguido, sem pausa, para sair mais cedo, e conseguir ir lá. Chegado ao local, vi que estavam a colocar o microfone no Ricardo, e disse para comigo “Assim que lhe puserem o microfone, vais lá convidá-lo”. Bem dito bem feito, eu era um homem com uma missão. Abordei-o, e com a simpatia e educação que o caracterizam, acedeu a ser entrevistado, fazendo algumas perguntas sobre o podcast, e de que forma faríamos a entrevista. Deu-me o seu email, e eu, só aí tive uma enorme sensação de realização de missão cumprida.
Trocámos emails para combinar, e uma coisa que me deixou logo impressionado foi o facto de ele se ter oferecido para me ir buscar ao meu local de trabalho, uma vez que fizemos a entrevista nas duas horas que tenho de almoço.
E assim foi, no dia combinado foi-me buscar, e logo mostrou o seu humor, ao questionar-me se eu era o Rui, ou se estaria a colocar um estranho dentro do carro.
No caminho fui-lhe explicando o projecto, e fiquei a saber que já tinha ido ouvir alguns episódios, nomeadamente o da Susana Romana.
Tirámos a fotografia da praxe, na qual pareço um anão (ele é mesmo alto), e começámos a conversar.
Eu admito que estava nervoso, pois na preparação que fiz, encontrei muitas entrevistas, muitas interessantes, e pensei para comigo, que caminho escolher para não ser só mais uma, e de que forma conduziria a conversa.
A conversa fluiu, embora eu possa por vezes não ter sido tão paciente como já fui noutras entrevistas, e tenha sido mais participativo do que provavelmente seria desejável. Isto é, senti ao ouvir depois, que parecia haver em mim uma necessidade de ele reconhecer valor em mim, nas minhas ideias e opiniões. Eu queria ser visto por alguém que admiro. Todos nós já passámos por situações destas, mas é sempre bom tentar, e fazer melhor para a próxima.
Falámos da dificuldade de “ser criativo” e ter ideias quando são precisas, das condições necessárias para as ideias surgirem poderem ser facilmente confundidas por nós e pelos outros como preguiça, ou “engonhar”. O John Cleese explica muito bem esta questão neste video.
O Ricardo referiu, tal como o John Cleese, a questão da criatividade não ser algo exclusivo de certas pessoas, e não ser um talento, mas sim um modo de operar, uma disponibilidade de pensar de forma diferente, uma disponibilidade para brincar/jogar.
O saber “dizer que não” é algo que aconselho a prestarem atenção quando ouvirem o episódio, há dicas muito importantes, de alguém que soube dizer que não a várias propostas, até que surgiu aquela que era irrecusável. A maior parte de nós vai dizendo meios “sins”, e na hora de dizer “SIM!”, já não tem espaço, nem energia. Nessa nota aconselho isto.
Houve muita coisa que ficou por falar, mas ficou apontada uma segunda volta, e espero da próxima vez não ter a limitação da minha hora de almoço.
Sinto que talvez tenha alguma dificuldade em resumir neste texto o que aprendi, mas aprendi bastante, mas a coisa mais importante foi a de que ser famoso, e conhecido, não tem de significar distância, e arrogância. O Ricardo é um exemplo de alguém que está ao mais alto nível naquilo que faz, e continua a ser humilde, acessível e humano.
A entrevista foi realizada no Surya Yoga Shala em Algés, espaço gentilmente cedido pelos meus amigos e professores de yoga, Pedro e Cecília, aos quais muito agradeço.
Livros sugeridos:
- “Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto” do Mário de Carvalho
- “The Annotated Alice” do Martin Gardner
Livros referidos:
[…] convidado desta semana, é novamente o Ricardo Araújo Pereira, que regressou para falarmos de algumas coisas que tinham ficado de fora da primeira […]
[…] O convidado desta semana é o Zé Diogo Quintela, escritor de humor, um dos membros dos Gato Fedorento, e ao qual cheguei através do anterior convidado Ricardo Araújo Pereira. […]
[…] e sente-se que a ligação entre os membros da banda é forte, com os mesmos ingredientes que uns Gato Fedorento, onde não há vedetismo, apenas partilha e gozo de fazerem música […]