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O convidado desta semana é o João Gomes, alquimista da terra, artista plástico que trabalha com barro.
O João aos trinta anos decidiu largar o emprego que tinha e dedicar-se à cerâmica, já conhecia o material, e gosta da tridimensionalidade que a escultura tem, então arriscou.
Na altura em que ele o fez, segundo ele, as coisas eram mais fáceis do que são agora, quase todas as peças que fazia se vendiam, o cenário mudou e comercializar tornou-se mais difícil.
Uma coisa que falámos foi a dificuldade que muitos criativos/artistas têm em vender aquilo que fazem, quase um sentimento de vergonha em trocar dinheiro pelas suas obras.
O João até comentou comigo que muito mais facilmente consegue vender as peças de outros artistas do que as suas.
A cerâmica como forma de expressão artística mais pura, segundo o João, é algo que a nossa cultura não está muito habituada, ele sente que o facto de não haver muita divulgação faz com que o público, ao ser menos culto e exposto a esta vertente da cerâmica, tenha mais dificuldade em aderir, apreciar e comprar.
O João tem uma loja digital onde vende os seus trabalhos, mas o seu mercado principal é o estrangeiro, que comprova aquilo que ele sente, de a falta de aculturação “ceramista” ser um obstáculo ao entendimento do seu trabalho, algo que no estrangeiro não se verifica, sobretudo centro e norte da Europa.
O João descreve que o ir para o atelier, trabalhar nas suas peças é algo que o absorve totalmente, que o faz perder a noção do tempo, mas ele também já percebeu que o forçar as coisas criativamente não funciona, é preciso deixar fluir, não significando isso que devemos sentar-nos à espera que as coisas aconteçam.
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